segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Polícia encontra indícios de fuga de criminosos por rede de esgoto


Polícia encontra indícios de fuga de criminosos por rede de esgoto

Na galeria foram achados papéis usados para embalar cocaína.
Para oficial do Bope, bandidos poderiam sair pelo local sem chamar atenção.


Do G1 RJ, com informações do Jornal Nacional


As galerias que podem ter sido usadas como rota de fuga de traficantes no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, têm trechos altos o bastante para que um homem de até 1,70m ande sem se curvar. A polícia passou a investigar se a obra de saneamento teria sido usada pelos criminosos após denúncia de morador feito ao disque-denúncia.

Veja o site do Jornal Nacional

A rede de águas pluviais se mistura ao esgoto da favela. Uma equipe do Jornal Nacional entrou na galeria nesta segunda-feira (29) com o capitão Ivan Blaz, do Bope. Dentro da galeria, há papéis usados para embalar cocaína, sinal de que os criminosos podem ter passado por lá. São quilômetros de túneis que se estendem por toda a comunidade.

Pela rede de esgoto é possível seguir pelos túneis até o bairro do Engenho da Rainha e sair numa das principais avenidas da região, a dois quilômetros da área do conflito. Para o capitão do Bope, dessa maneira eles poderiam sair sem chamar atenção de ninguém.

Blaz afirma que os bandidos podem ter planejado com antecedência uma eficiente rota de fuga. O coronel Paulo Henrique Moraes, comandante do Bope, afirma que há sinais de que o projeto da rede de esgoto foi alterado, a pedido de traficantes, para facilitar a fuga.

Em nota, a Secretaria Estadual de Obras e a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro informou que as galerias do Alemão foram construídas com extensão e diâmetro compatíveis com o escoamento do grande volume de águas pluviais e esgoto da comunidade

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A guerra termina em samba

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29/11/2010

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Inevitável. A cobertura da invasão do conjunto de favelas no Rio de Janeiro onde supostamente se escondiam os chefões do tráfico se transformou em uma guerra particular da imprensa contra os fatos.

O anunciado confronto não aconteceu. Assustados com o aparado de guerra montado pelo governo, os criminosos fugiram para o labirinto chamado de Complexo do Alemão e acabaram se entregando ou fugiram, após uma reunião com ativistas de uma organização não governamental especializada em negociação.

As revistas semanais de informação ficaram no meio do caminho. Na sexta-feira, quando suas edições saíam às ruas, as tropas oficiais ainda se posicionavam para cercar as centenas de bandidos que haviam fugido do ataque à favela de Vila Cruzeiro. O tom das reportagens ainda apostava na possibilidade de uma batalha sangrenta, embora as autoridades tivessem dado claros sinais de que estavam dispostas e sitiar o local por muito tempo, para evitar o derramamento de sangue e a morte de civis inocentes.

Epílogo frustrante

A revista Veja enxergou "tintas de Armagedon" naquilo que chamou de "batalha do bem contra o mal". Mas o apocalipse simplesmente não aconteceu e o poderoso negócio do narcotráfico perdeu apenas uma batalha.

Os repórteres reproduziam a expectativa de militares e agentes policiais, muitos dos quais ansiavam pela oportunidade de produzir um "extermínio" de traficantes. Calculava-se em mais de 1.500 os criminosos escondidos no Complexo do Alemão, muitos deles equipados com armas poderosas. Mas as autoridades, que têm a responsabilidade política pela ação policial estavam preocupadas em evitar derramamento de sangue e reduzir o risco de morte de civis inocentes.

A imprensa amanheceu na segunda-feira (29/11) celebrando uma vitória que ainda não houve. Foram apenas vinte os presos, a maioria jovens encarregados de funções menos importantes nas organizações criminosas. Nenhum sinal dos chamados chefões e, mesmo estes, são, quando muito, apenas gerentes de pontos de venda de droga.

As toneladas de maconha apreendidas fazem parte da encenação de um epílogo frustrante. Mas o noticiário dá a impressão de que tudo está resolvido.

Apenas figurantes

O tom da imprensa é triunfal. O Globo esquece o manual de redação e sai com cara de panfleto. "A senhora liberdade abre as asas sobre nós", diz a manchete do caderno especial sobre a operação de guerra, usando versos do samba de Nei Lopes e Wilson Moreira que já havia embalado o movimento pela volta das eleições diretas há vinte anos.

O jornal carioca chama de "libertação histórica" a fuga dos criminosos que havia décadas dominavam aquelas comunidades. Mas aquilo que foi descrito como uma vitória fulminante do Estado contra o governo paralelo do crime ainda não oferece garantias de que o problema está solucionado.

Na manhã de segunda-feira (29), o noticiário online dava informações sobre planos de ocupação também das favelas da Rocinha e do Vidigal, duas imensas áreas, na zona Sul do Rio, onde os traficantes ainda agiam à vontade no fim de semana. Ali a polícia vai enfrentar mais do que criminosos armados. Vai combater também a associação do narcotráfico com clientes influentes, entre os quais certamente há jornalistas e outras celebridades.

Diferentemente do que diz a imprensa, não se trata de uma operação para aniquilar o narcotráfico. Trata-se de uma guerra para a retomada de territórios e, assim, assegurar o bom andamento dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014. O que não é pouco.

Os benefícios para os moradores das comunidades pobres dominadas por bandos de criminosos são inegáveis, mas é preciso observar que a questão do tráfico de drogas é muito mais complexa. Ao se concentrar na cobertura do ambiente de guerra, a imprensa deixa de lado o ambiente de negócios da droga, por exemplo.

Apenas vinte presos, e entre eles nenhum personagem importante, é um balanço pífio demais para tanto aparato militar. Os jornais deveriam estar questionando onde foram parar os chefões que supostamente se escondiam no Complexo do Alemão.

Mais do que isso, já é mais do que tempo de a imprensa investigar onde estão os acionistas do tráfico, os financiadores que não aparecem no noticiário policial.

"O Rio mostrou que é possível", diz a mancherte principal do Globo। Os fatos ainda precisam demonstrar que o Rio quer realmente acabar com o narcotráfico.

पोर: वेस्ली Silva